Abaixo, a estrutura do Projeto implementado no primeiro semestre de 2015 nas escolas municipais de Santa Vitória do Palmar-RS, através da parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e o autor deste blog. O referencial teórico foi, em parte, aproveitado do TCC do curso de Especialização em Mídias na Educação, promovido pela FURG. O trabalho, intitulado "Os Quadrinhos Enriquecendo Diálogos em Sala de Aula", foi apresentado e aprovado com nota máxima em 2014 pelo autor deste blog.
Montagem do projeto: Vera Lúcia Terra Pereira e Sabrina Rocha Farias (Pedagogas).
PROJETO
QUADRINHOS NOS ANOS
INICIAIS
1 – Tema:
Semeando o prazer de ler com
histórias em quadrinhos.
2 – Apresentação:
O presente projeto é uma parceria
da SMED/Santa Vitória do Palmar com o projeto Gibiblioteca do professor Cássius Rodrigues, que tem a
finalidade de incentivar a leitura facilitando a alfabetização de
maneira aprazível.
3 – Justificativa:
É de conhecimento de todos que a
leitura, como processo de desenvolvimento da mentalidade de cidadãos
críticos, que saibam interpretar o mundo ao seu redor, tem
importância inquestionável.
As histórias em quadrinhos, devido a
sua diversidade de linguagem e riqueza artística, possibilitam
momentos prazerosos com diferentes tipos de leitura. Este gênero
textual em geral une palavras e imagens, elas contemplam tanto alunos
que já leem fluentemente quanto os que estão iniciando, pois
conseguem deduzir o significado da história observando os desenhos.
Segundo Carvalho (2009, s/p),
Entre os motivos para
utilizar os quadrinhos na escola, estão a atração dos estudantes
por esse tipo de leitura, a conjunção de palavras e imagens, que
representa uma forma mais eficiente de ensino, o alto nível de
informação deles, o enriquecimento da comunicação pelas histórias
em quadrinhos, o auxílio no desenvolvimento do hábito de leitura e
a ampliação do vocabulário.
A curiosidade em saber o que está
escrito dentro dos balões cria gosto pela leitura e, assim, os gibis
podem ter grande eficácia nas aulas de alfabetização. Além de ser
um material de fácil manipulação, o gibi usa letra “BASTÃO”
que as crianças reconhecem melhor, e traz uma linguagem mais
acessível e cotidiana.
Dessa forma, cabe à escola utilizar
as histórias em quadrinhos de forma lúdica para estabelecer uma
relação harmoniosa com o hábito da leitura. Segundo Martín
Barbero (1996, p.12) cabe ao professor “configurar o espaço
educacional como um lugar onde o processo de aprendizagem conserve
seu encanto”. Assim, o professor deve ser o maior motivador desse
“encantamento” que a leitura proporciona, para assim formar
leitores que saibam discernir, criticar e buscar caminhos para
concretizar seus sonhos.
4 – Objetivo Geral:
Incentivar
a leitura (e a cultura) proporcionando uma diferente maneira de
atingir leitores de diferentes níveis de alfabetização,
estimulando o hábito da leitura.
5 – Objetivos específicos:
Incentivar a prática da leitura para
desenvolvimento de competência linguística;
Despertar o interesse pela leitura e
pela escrita e sistematizar a alfabetização;
Reconhecer
as especificidades desses textos: onomatopeias, os tipos de balões,
o humor, as características dos personagens, etc.
Ler e interpretar as histórias em
quadrinhos;
Incentivar a criação de histórias
em quadrinhos expressando a sua visão de mundo particular.
6 – Procedimentos previstos:
1º, 2º e 3º ano
Histórico das histórias em
quadrinhos – Cássius Rodrigues;
Arrecadar histórias em quadrinhos
com os alunos;
Manusear vários gibis observando as
capas, tipos de histórias;
Leitura e interpretação;
Criação de histórias em quadrinhos
usando desenhos com palavras pequenas;
Visita a biblioteca pública
(trabalho com histórias em quadrinhos);
Deixar que os alunos levem as
histórias em quadrinhos para casa para compartilharem a leitura com
a sua família nos finais de semana.
4º e 5º ano
Histórico das histórias em
quadrinhos – Cássius Rodrigues;
Arrecadar histórias em quadrinhos
com os alunos;
Manusear vários gibis observando as
diferentes histórias;
Ler e interpretar;
Selecionar semanalmente tirinhas
adequadas a faixa etária em jornais, em gibis ou livros didáticos
como Mafalda, Garfield, etc.;
Confecção de álbuns de tirinhas;
Deixar que os alunos levem as
histórias em quadrinhos para casa para compartilharem a leitura com
a sua família nos finais de semana.
Criar histórias em
quadrinhos e observar as etapas para criação de uma história,
identificando:
a) Personagens: eles têm
vontades, dramas, conflitos, ironias. É por meio de suas falas e
ações que as histórias são contadas.
b) Balões: criados
especificamente para as histórias em quadrinhos, os balões podem
ser de vários tipos, os principais são: de fala, de pensamento, de
ira, de berro, de sussurro. Neles são escritos os pensamentos e as
falas dos personagens, em geral os de fala possuem um "rabinho"
em direção ao personagem falante.
c) Cenários: há dois
tipos de cenários, os internos (dentro de residências ou prédios)
e os externos (na rua, na natureza, no meio ambiente).
d) Onomatopeias: são
palavras ou junções de palavras que imitam a voz de animais ou
ruídos de objetos. Ex: BUUM!!! (explosão), CRI_CRI!! (grilo),
TOC-TOC! (batendo à porta), TIC-TAC! (bater do relógio). São
elementos exclusivos da linguagem das histórias em quadrinhos e
permitem a livre criação.
e) Recordatórios: é o
tipo de balão usado para a narração. Não possuem "rabinho"
em direção a personagens. Ex.: "Enquanto isso..." e "No
dia seguinte..."
f) Quadros: eles
delimitam o enquadramento das cenas de uma história em quadrinho.
Podem ser variáveis em tamanho e formato, de acordo com a
necessidade da cena a ser desenhada.
7 - Avaliação:
A avaliação será contínua no
desenvolvimento das atividades propostas e será satisfatório se os
educandos demonstrarem interesse em continuar com as leituras de
quadrinhos durante o ano.
8 – Sites para acesso:
9 – Referências
MARTÍN-BARBERO,
Jesús. Heredando
el Futuro. Pensar la Educación desde la Comunicación.
Nómadas. Bogotá, 1996.
CARVALHO,
Juliana. Trabalhando
com quadrinhos em sala de aula. 2009.
Oito motivos para incentivar a
leitura de histórias em quadrinhos:
- 1.
Contribuem na pré-alfabetização:
-
- A sequência de imagens
dos quadrinhos permite que a criança compreenda o sentido da
história antes mesmo de aprender a ler. Ao fazer isso, ela organiza
o pensamento, exercita a capacidade de observação e interpretação
e desenvolve a criatividade. Na fase de pré-alfabetização, o
contato com os gibis também ajuda a criança a se familiarizar com
as letras.
-
2.
Ajudam no processo de alfabetização:
- A ordem lógica dos quadrinhos
serve de apoio para que a criança decifre o que está escrito e
supere a dificuldade de fluência, típica de quem acabou de se
alfabetizar. Outro fator positivo é que a letra maiúscula usada
nos balões facilita a leitura. Para quem está aprendendo a ler,
letras minúsculas podem ser mais difíceis de decodificar,
principalmente aquelas que têm traçados semelhantes, como q, p, d
e b.
-
3.
Despertam facilmente o interesse das crianças:
-
- A leitura de gibis é uma
atividade lúdica para as crianças, que naturalmente se identificam
com a linguagem dos quadrinhos e, muitas vezes, estabelecem uma
relação afetiva com seus personagens.
-
4.
Estimulam o hábito da leitura:
-
- Um bom modo de estimular um hábito
é enfatizando o seu lado prazeroso. No caso dos quadrinhos, os
textos rápidos associados com imagens, os elementos gráficos e a
identificação com os personagens são alguns dos elementos que
tornam a leitura agradável. Isso pode encorajá-las a ler textos
cada vez mais complexos. Alguns pesquisadores defendem que os
leitores de quadrinhos também acabam se interessando por outros
gêneros de texto.
-
5.
Exercitam diferentes habilidades cognitivas:
-
- A leitura de histórias em
quadrinhos é um processo bastante complexo. É preciso decodificar
textos, imagens, balões, onomatopeias e, muitas vezes, recursos de
metalinguagem. Além disso, induz a uma habilidade chamada
inferência, que é a capacidade de concluir coisas que não estão
escritas. Nas HQs, por exemplo, o leitor deduz a ação que é
omitida entre um quadrinho e outro. Tudo isso demanda um trabalho
intelectual.
-
6.
Unem cultura e entretenimento:
-
- Histórias em quadrinhos podem
transmitir um leque bem amplo de informações sobre contextos
históricos, sociais ou políticos e ainda assim manter sua
característica de entretenimento. Só para citar alguns exemplos
bem conhecidos: as aventuras de Asterix trazem divertidas
referências sobre história antiga, as histórias de Tintim são
ricas em indicações geográficas e as tirinhas da questionadora
Mafalda fazem crítica a questões político-sociais da Argentina.
Já Joe Sacco, que é quadrinista e jornalista, desenhou histórias
sobre a guerra da Bósnia e os conflitos entre Israel e Palestina.
-
7.
São de fácil acesso e baixo custo:
-
- Os títulos mais populares podem
facilmente ser adquiridos nas bancas de jornal por um preço bem
acessível. Os gibis também são encontrados em bibliotecas e
gibitecas. Outra opção são as trocas, prática que costuma ser
incentivada pelas escolas e prefeituras.
-
8.
São recomendadas pelos PCN, RCNEI e PNBE:
-
- Algumas das razões para isso já
foram descritas nos itens anteriores, mas vale ressaltar que tanto
os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), como o Referencial
Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) e o Programa
Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) falam sobre a importância da
criança interagir com diferentes tipos de texto. Além disso, a
relação entre texto e imagem está cada vez presente em diferentes
gêneros e é preciso ensinar como ler a imagem também.