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7 de jul. de 2015

O Projeto Quadrinhos nos Anos Iniciais

     Abaixo, a estrutura do Projeto implementado no primeiro semestre de 2015 nas escolas municipais de Santa Vitória do Palmar-RS, através da parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e o autor deste blog. O referencial teórico foi, em parte, aproveitado do TCC do curso de Especialização em Mídias na Educação, promovido pela FURG. O trabalho,  intitulado "Os Quadrinhos Enriquecendo Diálogos em Sala de Aula", foi apresentado e aprovado com nota máxima em 2014 pelo autor deste blog.

Montagem do projeto: Vera Lúcia Terra Pereira e Sabrina Rocha Farias (Pedagogas).

PROJETO
QUADRINHOS NOS ANOS INICIAIS

1 – Tema:
   Semeando o prazer de ler com histórias em quadrinhos.

2 – Apresentação:
   O presente projeto é uma parceria da SMED/Santa Vitória do Palmar com o projeto Gibiblioteca do professor Cássius Rodrigues, que tem a finalidade de incentivar a leitura facilitando a alfabetização de maneira aprazível.

3 – Justificativa:
   É de conhecimento de todos que a leitura, como processo de desenvolvimento da mentalidade de cidadãos críticos, que saibam interpretar o mundo ao seu redor, tem importância inquestionável.
   As histórias em quadrinhos, devido a sua diversidade de linguagem e riqueza artística, possibilitam momentos prazerosos com diferentes tipos de leitura. Este gênero textual em geral une palavras e imagens, elas contemplam tanto alunos que já leem fluentemente quanto os que estão iniciando, pois conseguem deduzir o significado da história observando os desenhos. Segundo Carvalho (2009, s/p),
Entre os motivos para utilizar os quadrinhos na escola, estão a atração dos estudantes por esse tipo de leitura, a conjunção de palavras e imagens, que representa uma forma mais eficiente de ensino, o alto nível de informação deles, o enriquecimento da comunicação pelas histórias em quadrinhos, o auxílio no desenvolvimento do hábito de leitura e a ampliação do vocabulário.

   A curiosidade em saber o que está escrito dentro dos balões cria gosto pela leitura e, assim, os gibis podem ter grande eficácia nas aulas de alfabetização. Além de ser um material de fácil manipulação, o gibi usa letra “BASTÃO” que as crianças reconhecem melhor, e traz uma linguagem mais acessível e cotidiana.
  Dessa forma, cabe à escola utilizar as histórias em quadrinhos de forma lúdica para estabelecer uma relação harmoniosa com o hábito da leitura. Segundo Martín Barbero (1996, p.12) cabe ao professor “configurar o espaço educacional como um lugar onde o processo de aprendizagem conserve seu encanto”. Assim, o professor deve ser o maior motivador desse “encantamento” que a leitura proporciona, para assim formar leitores que saibam discernir, criticar e buscar caminhos para concretizar seus sonhos.

4 – Objetivo Geral:
   Incentivar a leitura (e a cultura) proporcionando uma diferente maneira de atingir leitores de diferentes níveis de alfabetização, estimulando o hábito da leitura.

5 – Objetivos específicos:
  • Incentivar a prática da leitura para desenvolvimento de competência linguística;
  • Despertar o interesse pela leitura e pela escrita e sistematizar a alfabetização;
  • Reconhecer as especificidades desses textos: onomatopeias, os tipos de balões, o humor, as características dos personagens, etc.
  • Ler e interpretar as histórias em quadrinhos;
  • Incentivar a criação de histórias em quadrinhos expressando a sua visão de mundo particular.
6 – Procedimentos previstos:

1º, 2º e 3º ano
  • Histórico das histórias em quadrinhos – Cássius Rodrigues;
  • Arrecadar histórias em quadrinhos com os alunos;
  • Manusear vários gibis observando as capas, tipos de histórias;
  • Leitura e interpretação;
  • Criação de histórias em quadrinhos usando desenhos com palavras pequenas;
  • Visita a biblioteca pública (trabalho com histórias em quadrinhos);
  • Deixar que os alunos levem as histórias em quadrinhos para casa para compartilharem a leitura com a sua família nos finais de semana.
4º e 5º ano
  • Histórico das histórias em quadrinhos – Cássius Rodrigues;
  • Arrecadar histórias em quadrinhos com os alunos;
  • Manusear vários gibis observando as diferentes histórias;
  • Ler e interpretar;
  • Selecionar semanalmente tirinhas adequadas a faixa etária em jornais, em gibis ou livros didáticos como Mafalda, Garfield, etc.;
  • Confecção de álbuns de tirinhas;
  • Deixar que os alunos levem as histórias em quadrinhos para casa para compartilharem a leitura com a sua família nos finais de semana.
  • Criar histórias em quadrinhos e observar as etapas para criação de uma história, identificando:
  • a) Personagens: eles têm vontades, dramas, conflitos, ironias. É por meio de suas falas e ações que as histórias são contadas.
  • b) Balões: criados especificamente para as histórias em quadrinhos, os balões podem ser de vários tipos, os principais são: de fala, de pensamento, de ira, de berro, de sussurro. Neles são escritos os pensamentos e as falas dos personagens, em geral os de fala possuem um "rabinho" em direção ao personagem falante.
  • c) Cenários: há dois tipos de cenários, os internos (dentro de residências ou prédios) e os externos (na rua, na natureza, no meio ambiente).
  • d) Onomatopeias: são palavras ou junções de palavras que imitam a voz de animais ou ruídos de objetos. Ex: BUUM!!! (explosão), CRI_CRI!! (grilo), TOC-TOC! (batendo à porta), TIC-TAC! (bater do relógio). São elementos exclusivos da linguagem das histórias em quadrinhos e permitem a livre criação.
  • e) Recordatórios: é o tipo de balão usado para a narração. Não possuem "rabinho" em direção a personagens. Ex.: "Enquanto isso..." e "No dia seguinte..."
  • f) Quadros: eles delimitam o enquadramento das cenas de uma história em quadrinho. Podem ser variáveis em tamanho e formato, de acordo com a necessidade da cena a ser desenhada.
7 - Avaliação:

   A avaliação será contínua no desenvolvimento das atividades propostas e será satisfatório se os educandos demonstrarem interesse em continuar com as leituras de quadrinhos durante o ano.

8 – Sites para acesso:


9 – Referências
   MARTÍN-BARBERO, Jesús. Heredando el Futuro. Pensar la Educación desde la Comunicación. Nómadas. Bogotá, 1996.

CARVALHO, Juliana. Trabalhando com quadrinhos em sala de aula. 2009.




Oito motivos para incentivar a leitura de histórias em quadrinhos:

1. Contribuem na pré-alfabetização:
 
A sequência de imagens dos quadrinhos permite que a criança compreenda o sentido da história antes mesmo de aprender a ler. Ao fazer isso, ela organiza o pensamento, exercita a capacidade de observação e interpretação e desenvolve a criatividade. Na fase de pré-alfabetização, o contato com os gibis também ajuda a criança a se familiarizar com as letras.
2. Ajudam no processo de alfabetização:
A ordem lógica dos quadrinhos serve de apoio para que a criança decifre o que está escrito e supere a dificuldade de fluência, típica de quem acabou de se alfabetizar. Outro fator positivo é que a letra maiúscula usada nos balões facilita a leitura. Para quem está aprendendo a ler, letras minúsculas podem ser mais difíceis de decodificar, principalmente aquelas que têm traçados semelhantes, como q, p, d e b.

3. Despertam facilmente o interesse das crianças:
 
A leitura de gibis é uma atividade lúdica para as crianças, que naturalmente se identificam com a linguagem dos quadrinhos e, muitas vezes, estabelecem uma relação afetiva com seus personagens.

4. Estimulam o hábito da leitura:
 
Um bom modo de estimular um hábito é enfatizando o seu lado prazeroso. No caso dos quadrinhos, os textos rápidos associados com imagens, os elementos gráficos e a identificação com os personagens são alguns dos elementos que tornam a leitura agradável. Isso pode encorajá-las a ler textos cada vez mais complexos. Alguns pesquisadores defendem que os leitores de quadrinhos também acabam se interessando por outros gêneros de texto.

5. Exercitam diferentes habilidades cognitivas:
 
A leitura de histórias em quadrinhos é um processo bastante complexo. É preciso decodificar textos, imagens, balões, onomatopeias e, muitas vezes, recursos de metalinguagem. Além disso, induz a uma habilidade chamada inferência, que é a capacidade de concluir coisas que não estão escritas. Nas HQs, por exemplo, o leitor deduz a ação que é omitida entre um quadrinho e outro. Tudo isso demanda um trabalho intelectual.

6. Unem cultura e entretenimento:
 
Histórias em quadrinhos podem transmitir um leque bem amplo de informações sobre contextos históricos, sociais ou políticos e ainda assim manter sua característica de entretenimento. Só para citar alguns exemplos bem conhecidos: as aventuras de Asterix trazem divertidas referências sobre história antiga, as histórias de Tintim são ricas em indicações geográficas e as tirinhas da questionadora Mafalda fazem crítica a questões político-sociais da Argentina. Já Joe Sacco, que é quadrinista e jornalista, desenhou histórias sobre a guerra da Bósnia e os conflitos entre Israel e Palestina.

7. São de fácil acesso e baixo custo:
 
Os títulos mais populares podem facilmente ser adquiridos nas bancas de jornal por um preço bem acessível. Os gibis também são encontrados em bibliotecas e gibitecas. Outra opção são as trocas, prática que costuma ser incentivada pelas escolas e prefeituras.

8. São recomendadas pelos PCN, RCNEI e PNBE:
 
Algumas das razões para isso já foram descritas nos itens anteriores, mas vale ressaltar que tanto os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), como o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) e o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) falam sobre a importância da criança interagir com diferentes tipos de texto. Além disso, a relação entre texto e imagem está cada vez presente em diferentes gêneros e é preciso ensinar como ler a imagem também.

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