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29 de set. de 2011

Gibis e Poesia

    Nos anos 80 era comum os fãs escreverem cartas às editoras com poemas sobre os personagens. Alguns se destacavam, como os seguintes, publicados respectivamente nas revistas Heróis da TV 59 e 37. Ambos sobre o personagem que mais gosto, ambos do mesmo leitor:






Eis o corpo, martírio prateado,
No silêncio da noite agonizando.
Sua dor é um monstro devorando
Os instantes que a vida tem lhe dado.
O destino, cruel e desumano,
Separou-o de seu planeta natal,
E agora, lutando contra o mal,
Ele vive entre nós, seres humanos.
Ele foi para sempre encarcerado,
Nas entranhas horríveis da amargura.
Seu caminho: a própria desventura;
Seu nome: Surfista Prateado!

Maio 1984







































































CANÇÃO DO SURFISTA PRATEADO

Do cosmo infinito
De um tempo perdido
Por entre as estrelas
É que fui gerado
Nascido, levado
(Tão injustamente).
Meu ente que erra
Por terras estranhas
Cativo, humilhado
Incompreendido
Ferindo e ferido
Pela humanidade.
Meu corpo que vaga
De olhos distantes
Olhando as estrelas
No peito Pulsando
A dor da saudade!

Julho 1982


      Está aí mais um exemplo de como os quadrinhos incentivam a leitura e trazem um estímulo à escrita e compreensão de textos!
      Já eu escolhi este abaixo, que me lembra também do Surfista Prateado:


Ao Luar

Quando, à noite, o Infinito se levanta
À luz do luar, pelos caminhos quedos
Minha tátil intensidade é tanta
Que eu sinto a alma do Cosmos nos meus dedos!

Quebro a custódia dos sentidos tredos
E a minha mão, dona, por fim, de quanta
Grandeza o Orbe estrangula em seus segredos,
Todas as coisas íntimas suplanta!

Penetro, agarro, ausculto, apreendo, invado
Nos paroxismos da hiperestesia,
O Infinitésimo e o Indeterminado...

Transponho ousadamente o átomo rude
E, transmudado em rutilância fria,
Encho o Espaço com a minha plenitude!

Augusto dos Anjos

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